CENA 1: Cristina percebe reação de perplexidade de Júlio e procura explicar tudo a ele com tranquilidade.
-Querido... procura entender uma coisa: qualquer gravidez já é potencialmente de risco, mas a minha tem riscos reais. Andei fazendo o possível pra não me estressar nesses últimos meses, mas continuo tendo picos preocupantes de pressão. E isso pode ser fatal pra mim na hora do parto.
-Mas daí a contar com o pior? É isso que não entendo, sabe? Ainda mais vindo de você, sempre toda otimista...
-Otimista sempre, mas não posso ser delirante de acreditar que tudo nessa vida são flores e que vai terminar tudo bem como se fosse final de novela ou de filme. Não. Isso aqui é vida real, Júlio. E nem sempre o que acontece na vida da gente é necessariamente o que a gente merece.
-Mas Cristina, você e eu sabemos perfeitamente que em casos como o seu, a mãe pode escolher interromper a gravidez pra salvar a própria vida.
-Sim, eu sei disso. Mas não foi a escolha que eu fiz. Não foi o que meu coração sentiu que devia fazer.
-Mas isso pode ser uma insanidade!
-O amor é insano, Júlio. No dia que você tiver um filho você vai entender que ama esse ser antes mesmo de nascer.
-Eu não pretendo ter filhos, Cristina, mas posso entender perfeitamente o seu ponto nisso.
-Sim. É só disso que eu preciso. Da sua compreensão, porque eu tenho a mais absoluta certeza de que você é o mais capacitado pra ficar no meu lugar caso alguma coisa de ruim aconteça e eu não volte nunca mais pra essa clínica.
-Vira essa boca pra lá! Melhor nem chamar esse tipo de energia pra perto. O universo ouve!
-Júlio... é preciso tomar todas as precauções possíveis de qualquer forma.
-Não acho que é necessário tudo isso.
-Nunca ouviu dizer que o seguro morreu de velho?
-Pode ser, mas não acho saudável pra você pensar essas coisas.
-Querido... pensando ou não nessas coisas, eu não vou fazer magicamente com que tudo isso deixe de existir. Quem dera fosse assim, mas infelizmente as coisas são bem diferentes. Pensamento positivo é fundamental, mas não resolve tudo.
-Mas eu tenho certeza que tudo pode melhorar.
-Não existe essa certeza.
-Confio muito que tudo vai dar certo pra você, Cristina.
-Eu adoraria ter certeza disso.
-Eu tenho.
-Ah, querido... obrigada por isso, de verdade.
-Eu que agradeço pela confiança em mim.
-Desde o primeiro dia você se mostrou esforçado e competente. É natural que eu queira alguém como você no meu lugar.
-Eu fico honrado por isso.
-É pra ficar, mesmo.
-Mas nada disso vai ser necessário, Cristina. Você vai ver.
-Queria muito ter certeza disso, querido. Pode voltar ao seu trabalho.
Cristina suspira, preocupada. CORTA A CENA.
CENA 2: Daniella estreia como atriz de novelas e fica surpresa ao ler um artigo destacando sua atuação logo no primeiro capítulo da trama. Empolgada, Daniella vai à mansão dos di Fiori visitar os pais e conversa a sós com eles.
-Mãe... pai... cês leram o artigo que saiu na coluna Tudo Sobre TV do Danilo Castanheira? - pergunta Daniella.
-Ainda não... - fala Sérgio.
-Vou abrir o computador agora. - fala Nicole.
-Precisa não, gente. Eu tenho o artigo aberto aqui no meu celular. - fala Daniella.
Daniella começa a ler.
-Ó, gente: “Novata na televisão, a atriz Daniella Blanco roubou a cena logo no primeiro capítulo de 'À Flor da Pele', nova novela de Gilda Pereira, que estreou ontem. Escalada para interpretar Yasmin, a irmã da protagonista Yolanda, interpretada por Poliana Ventura, Daniella se mostrou tão à vontade no papel da espevitada adolescente que terminou por ser o maior destaque logo de saída. A reação nas redes sociais foi imediata: o público foi à forra com o bordão 'segura na mão de Cher e vai' e outras tiradas engraçadas da personagem que aparentemente já cativou o público de primeira. Atriz experiente de teatro, com quinze anos de carreira, Daniella Blanco surpreende pela sua confiança diante das câmeras e pela forma como se entrega ao universo da personagem. Uma maturidade artística pouco vista em jovens atores. A atriz, de vinte e três anos, ainda tem muito a nos oferecer. A tendência é que, ao longo da novela, seu personagem se destaque cada vez mais.”
Nicole se emociona e abraça Daniella.
-Minha filha! Eu sempre soube que cê chegava lá! - fala Nicole.
-E eu custei tanto a aceitar... mas era mesmo o seu destino. - fala Sérgio, cheio de orgulho.
CORTA A CENA.
CENA 3: A reforma da Natural High se completa e todos se juntam para a reinauguração. Mônica se impacienta.
-Ai caçamba! O que é que falta pra essa bodega ser reinaugurada de uma vez? - esbraveja Mônica.
-Calma, Mônica! Não tá vendo que o Hugo tá com cara de quem tá guardando a cereja do bolo? - observa Glória.
-Até sei o que o Hugo tá aprontando... - fala Ricardo.
-Sabe e não me entregou nada? É com esse homem que eu casei, Brasil? Gente, que abusado! - brinca Glória.
-Não é nada grandioso. É apenas a pessoa mais indicada que vai cortar a fita. Vem, Valéria! - fala Hugo.
Valéria aparece e todos a aplaudem, emocionados. Valéria fica tocada.
-Ai gente... precisava disso tudo não, mesmo! Essa agência e a revista existiam muito antes de eu chegar aqui... - fala Valéria.
-É, mas se não fosse você pra estancar a sangria no momento mais tenebroso que a gente viveu, a gente ia estar tudo no olho da rua hoje! - fala Mônica.
-E a nossa família, falida. Você salvou a nossa família e o nosso patrimônio, Valéria. Esse lugar é seu por merecimento. - fala Hugo.
Valéria corta a fita de reinauguração da agência e caminha com todos para as novas dependências da Natural High. Todos ficam admirados com o resultado da reforma. Valéria sente uma forte tontura e Hugo a ampara.
-O que foi, amor?
-Ando tendo essas tonturas. Mesmo me alimentando bem...
-Será que cê tá grávida?
Valéria e Hugo se olham cheios de expectativa. CORTA A CENA.
CENA 4: Nicole senta para conversar com Leopoldo, ainda rindo.
-Que foi que cê tá rindo, amor?
-O médico acabou de me ligar.
-E desde quando isso é motivo de riso, Nicole?
-Lembra que eu tinha feito uns exames pra saber se tava mesmo na menopausa, né?
-Claro que lembro. Sua menstruação parou de repente e você reclamou de mal estar...
-Então, sabe o que é? Eu não sei como isso foi acontecer, mas a verdade é que com quarenta e nove anos na minha cara, eu... ainda não tou na menopausa.
-Não? É o que, então?
-Eu tou grávida.
Leopoldo começa a rir, incrédulo.
-Isso é pegadinha, só pode. Imagina! Nunca vi uma coisa dessas!
-É verdade, amor. Aparentemente tá tudo bem comigo. Mas é doido tudo isso. Eu já sou avó.
-Vai ser avó outra vez daqui provavelmente menos de dois meses! E mãe depois disso!
Os dois riem.
-É... esse nosso bebê já vai nascer com sobrinhos. Vê se pode!
-Essa vida é mesmo uma caixinha de surpresas.
-Apesar do inesperado e do susto... eu me sinto inexplicavelmente feliz por esse filho...
-Eu também, amor...
CORTA A CENA.
CENA 5: Gustavo confirma a Flavinho que eles conseguiram adotar criança de três anos.
-Amor, tenho ótimas notícias!
-Ai, não vai dizer que o Pierre é nosso...
-É isso mesmo. A juiza acabou de dar o parecer definitivo. A assistente social acabou de ligar pra avisar.
-Gente... meu coração. Toca aqui pra ver como eu tou!
-Eu sei, Flavinho, meu coração também tá a mil!
-Nós temos um filho, Gustavo. Agora é real. Oficial.
-Quem foi que disse que a vida podia ser diferente, hein?
-Ah tá que ocê vai mexer comigo agora...
-Vou mesmo! Porque ocê fugiu de mim até onde conseguiu fugir.
-Ah, claro... como se ocê não tivesse fugido nem um pouco, né? Tá querendo posar de santo, senhor Gustavo? Ou quer ser o novo Buda? Sim, porque a barriguinha já tem, se engordar mais uns vinte quilos vira o próprio!
Os dois riem.
-Como a gente é idiota, né?
-Até na idiotice a gente se entende, Gustavo. Não vejo outra vida pra mim, pra nós.
-Sabe o que eu pensei?
-No que?
-A gente podia adotar várias crianças. A sério.
-Ai, amor... não sei se a gente ia dar conta.
-Amor não falta.
-Sim, mas e a questão do dinheiro, como é que fica? Sem falar que eu tenho família no Rio, né... aliás, a mesma família da sua irmã.
-Bem, foi uma coisa que me passou pela cabeça...
-Eu acho linda a ideia. Mas tem que ser mais pra frente, pra gente se estabilizar de vez antes.
CORTA A CENA.
CENA 6: Daniella conversa com Patrícia ao telefone, chocada com seu sucesso imediato.
-Miga, eu tou completamente perplexa com tudo isso.
-Sabe de uma coisa, Dani? Nada disso me surpreende. Seu talento era óbvio. Tinha certeza que esse dia de reconhecimento ia chegar.
-Mas Pati... o negócio tá surreal demais.
-Pela rapidez?
-Sim. Acredita que me ligaram da revista da TV?
-Não creio! Querem te entrevistar?
-Sim, miga. Eu tou passada com isso. A novela acabou de estrear e a imprensa tá em peso correndo atrás de mim.
-Ah, mas ocê é leonina, tira de letra...
-Nem sempre meu signo me faz essa coisa tão desenvolta quanto cê possa pensar. Eu tou apavorada. Essa exposição toda significa muita coisa, principalmente sabendo que o que eu digo pode ter proporções que eu nunca imaginei antes.
-Relaxa, Dani. Aproveita esse momento que ele só tá acontecendo porque ocê merece.
-Tou tentando. Obrigada pelo apoio, Pati. Mas me diz: como andam as coisas aí em BH?
-Ah, não muito diferentes de antes.
-Nenhum boy magia?
-Ainda não, acredita? Mas tou bem desconfiando de um lance que anda pintando por aí, viu?
As duas seguem conversando. CORTA A CENA.
CENA 7: Valéria conta a Hugo sobre resultado de seu exame de gravidez.
-E aí, amor... o que diz o resultado?
-É bom se preparar...
-Ai Deus... não tem gravidez ou tem?
-É bom ir se preparando pra passar por tudo de novo e perder noites de sono até fazer o bebê dormir.
-Cê tá grávida mesmo?
-Tou! Gravidíssima!
-Gente... eu vou ser pai. Eu vou ser pai!
-Amor... ocê já é pai.
-Cê entendeu o que eu quis dizer. Dessa vez é diferente, Valéria.
-Eu sei. Dessa vez esse bebê aqui dentro é fruto do nosso amor. Da nossa luta pra chegar até aqui. Esse bebê é o meu, o seu, o nosso pequeno milagre.
-Milagre?
-Sim. Eu podia ter morrido naquele acidente.
-Engraçado como nossos destinos sempre passam por acidentes.
-Ai, espero que não venha mais nenhum de agora em diante. Quero só tranquilidade pra poder criar nossos filhos e tocar a vida.
-Já te disse que te amo?
-Já, mas pode repetir que eu nunca canso de ouvir!
CORTA A CENA.
CENA 8: UM MÊS DEPOIS.
Cristina está organizando suas coisas no trabalho, quando sente um forte enjoo.
-Credo. Que sensação horrorosa.
Cristina segue tentando se concentrar no trabalho, mas sente uma forte pressão atrás da cabeça.
-Lá vou eu tomar remédio pra pressão...
Cristina toma o remédio e sente uma forte contração.
-Ai, não. Não posso estar entrando em trabalho em pleno oitavo mês... não agora!
Cristina tenta se concentrar, mas percebe que a bolsa de líquido aminiótico rompeu.
-Já era. Meu filho vai nascer. Que os deuses me protejam nessa hora, porque fácil não vai ser!
CORTA A CENA.
CENA 9: Fábio recebe ligação do celular de Cristina e atende normalmente.
-Fala, amor.
-Fábio, presta bem atenção. Eu tou em trabalho de parto. Quem vai fazer meu parto são o Júlio e a Júlia. Vem pra cá.
-Ai meu Deus! Você insiste em ser aí na clínica, né?
-Só me sinto segura aqui. Vem, amor. Avisa meus pais, avisa todo mundo. Nosso filho vai nascer.
-E você, vai sair dessa?
-Amor, vem pra cá. Depois a gente vê no que dá. Tou sendo levada agora pra ter o nosso filho. Te espero.
Fábio desliga e se prepara para ir à clínica. CORTA A CENA.
CENA 10: Horas depois, Fábio, Nicole, Sérgio e Daniella aguardam ansiosamente por notícias sobre o parto de Cristina. Daniella se impacienta.
-Como assim a duplinha J&J não permitiu que você visse o parto? - revolta-se Daniella.
-Foi um pedido da própria Cristina. Tá todo mundo aqui ciente dos riscos desse parto. Queira Deus que tudo dê certo pra ela e pro bebê, porque eu tou numa pilha de nervos. - fala Fábio.
-Pilha de nervos? E eu tou como? Tou toda me tremendo! - fala Nicole.
-O Leopoldo não vem te tranquilizar? Você não pode se estressar assim na gravidez... - alerta Sérgio.
-Ele tá vindo, não deu pra vir antes porque ele tava levando um pessoal da imprensa lá na agência. - explica Nicole.
CORTA A CENA.
CENA 11: Exausto, Júlio chega até onde estão todos e Fábio teme pelo pior ao vê-lo cansado.
-E aí, Júlio? Nasceu o meu filho? - pergunta Fábio.
-Sim, nasceu faz quinze minutos. É um menino muito forte! - fala Júlio.
Daniella estranha.
-Sim, mas e a Cris, como é que tá? Por que não disse nada sobre ela? Fala, Júlio! - pressiona Daniella.
Todos temem pelo pior. FIM DO CAPÍTULO 190.
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