terça-feira, 6 de junho de 2017

CAPÍTULO 176 - ÚLTIMAS SEMANAS

CENA 1: Hugo teme que Giovanna tenha sequestrado Leonardo, mas nada diz e tenta tranquilizar Valéria.
-Amor... relaxa. Respira. Primeiro a gente circula pela loja. Com calma. Se a Giovanna não estiver aqui, a gente vê o que faz.
-Ai, Hugo! Eu tou com medo! O Flavinho avisou tanto! E eu burra não ouvi! Devia ter ouvido!
-Valéria, volta a si! Se ouve falando. São acusações graves e conclusões precipitadas.
-Tudo bem. Vamos procurar com calma.
Valéria e Hugo circulam pela loja e não encontram Giovanna. Valéria começa a chorar de medo.
-Ela levou o nosso filho, Hugo!
-Calma, amor. É cedo demais pra concluir uma coisa dessas.
-O que a gente faz?
-A gente deixa as compras aqui e vai atrás de saber alguma coisa lá fora.
-E se ela tiver ido pra longe?
-Valéria, raciocina comigo: não faz nem três minutos que ela tava aqui com a gente. Não tem como ela ter ido longe. Ela conhece pouco a cidade. - fala Hugo, tentando manter a calma.
-Então a gente tem que correr!
-Desesperar não vai ajudar. Vem comigo.
Os dois circulam pela rua e encontram Giovanna andando lentamente perto da esquina, com o carrinho de Leonardo. Valéria não se contém e vai correndo até ela. Hugo vai atrás.
-Giovanna, o que foi isso? Eu quase morri do coração! - exclama Valéria.
Giovanna fica espantada pela atitude de Valéria e se justifica.
-Ai, gente... desculpa mesmo! É que eu acabei me distraindo, de encantada com a beleza e charme desse bairro. Acabou que eu esqueci de avisar que tava indo dar uma volta na quadra enquanto vocês faziam compras. - justifica Giovanna.
-Tudo bem. Mas vê se não esquece mais das coisas desse jeito, Giovanna. Meu filho tava aos seus cuidados! Quase que meu coração salta pela boca só pelo tanto de coisa que me passou pela cabeça. Existe violência nessa cidade, sabia? - repreende Valéria.
Hugo percebe que Valéria está a ponto de insultar Giovanna e antes que isso aconteça.
-Bem, o que importa é que apesar desse susto, tá tudo certo e todos estão sãos e salvos, principalmente o Leozinho. - pondera Hugo.
-Eu sinto muito pelo mal entendido. Na hora eu não pensei, acabou que fiz besteira, mas foi sem querer... - justifica Giovanna.
-Tudo bem, Giovanna. Mas que isso não se repita. Não dá pra esquecer das coisas óbvias desse jeito, ainda mais quando a gente deixa uma criança, um bebê aos seus cuidados, sob a sua supervisão. A gente sabe que ocê não é babá nem nada do tipo, mas venhamos e convenhamos, né! - fala Valéria
Hugo percebe que Valéria está prestes a explodir e falar o que não deve e procura contemporizar.
-Gente, calma. Já passou. Tá tudo certo, todo mundo tá são e salvo, isso foi só um grande mal entendido... - fala Hugo.
-A gente podia voltar pra loja... - fala Giovanna.
CORTA A CENA.

CENA 2: Cristina chega em casa e surpreende Vitório.
-Ué, já deixou a sua irmã trabalhando no seu lugar?
-Faz parte do combinado, é meio a meio. Acabou que já pedi pra ela assumir hoje mesmo que era melhor...
-Bem, cê que sabe. Você parece cansada...
-Cansada? Não sei dizer. Mas com a cabeça cheia de coisa, disso eu não tenho a mínima dúvida.
-Se quiser, eu posso te ajudar a relaxar a mente.
-Como, Vitório? Isso é quase impossível. Cê tá careca de saber como funciona minha cabeça nessas horas.
-Justamente por isso. Acho que tenho algumas opçõe pra você desligar o pensamento.
-Que ideia mais esquisita, eu hein... pensamento não é uma máquina pra desligar desse jeito...
-Ou de repente foi você que nunca tentou de verdade.
-Nem teria como, meu amigo. A vida não deixa que o pensamento se desligue. Toda hora é uma exigência nova.
-Só toma cuidado pra isso não se transformar no mal do século.
-Não, definitivamente não. Se tem uma coisa que nunca nessa vida vai acontecer comigo, essa coisa é a depressão.
-Ninguém tá livre, Cris. Eu fiz um chá pra você e separei uns vídeos maravilhosos de indução ao relaxamento. Se der sorte você ainda sente sono e dá uma descansada.
-Agradeço de coração pela sua boa vontade, Vitório... mas duvido muito que essas técnicas mirabolantes disso ou daquilo possam funcionar comigo. Eu preciso estar sempre alerta, querendo ou não...
-Mas Cris... cê tá em casa. Em dia de folga. Se permita...
-Tá certo. Mas se eu achar tudo uma bosta eu mando parar.
CORTA A CENA.

CENA 3: Flavinho conversa com Daniella.
-Dani... desculpa atrapalhar...
-Cê nunca vai me atrapalhar, bobo. Antes de ser funcionário da clínica, cê é meu amigo. Senta aí.
-Então, Dani... é que eu tava pensando se de repente eu podia ir embora mais cedo hoje.
-De novo?
-Sim, eu sei que isso anda frequente. Mas é que eu ando realmente precisando.
-Sei. Antes de te dar uma resposta definitiva sobre isso, eu queria que você me respondesse a uma coisa. De coração.
-Claro!
-Flavinho... cê tá feliz com o trabalho aqui na clínica?
-Já estive mais. Não vou mentir. É claro que eu amo o que eu faço, mas não tem sido mais como antes. Acho que acumulei muita coisa.
-Tem certeza que é só isso? Se tiver mais coisa, pode falar que não te julgo...
-Não, é só isso mesmo. Eu ando realmente cansado.
-Tá certo. Eu vou liberar você mais cedo. Só que vai ser daqui mais ou menos uma hora pra poder cumprir a meta mínima do dia, beleza?
-Ótimo. Obrigado, querida. Daqui uma hora eu passo aqui e deixo meu crachá.
Daniella desconfia de justificativa de Flavinho, mas nada diz. CORTA A CENA.

CENA 4: Daniella chama Gustavo para conversar.
-Achei estranho ocê me chamar a essa hora. Alguma coisa que eu andei errando por aqui?
-Não. No trabalho vai tudo muito bem. O que tá me deixando com uma pulga atrás da orelha é outra coisa.
-O que?
-Essa atitude evasiva do Flavinho. Não apenas com você, mas comigo também.
-Não tou entendendo a intenção desse papo.
-Eu explico: algo me diz que essas atitudes dele tem relação direta com o fato de que eu e você vamos casar.
-Será?
-Algo me diz que cê tá sabendo de alguma coisa e não quer me dizer por medo, Gustavo...
-Besteira. Eu realmente não sei de nada.
-Será mesmo que não sabe? Amor, eu quero deixar claro que cê pode confiar em mim sempre sem medo, viu? Não tem razão ou motivo pra me esconder qualquer coisa. A gente sabe tudo um do outro.
-Eu sei disso, Dani... e te garanto que não tem realmente nada. Não da minha parte, pelo menos.
-Ah, então cê desconfia que tenha alguma coisa pela parte do Flavinho, é isso mesmo que entendi?
-Pode ser que sim, mas não sei se isso vem ao caso.
-A partir do momento que isso impacta diretamente na produtividade dele, acho que isso vem ao caso sim.
-Aí, só falando com ele pra saber... amor, eu preciso voltar ao trabalho agora. Com licença.
Gustavo parte e Daniella segue desconfiada. CORTA A CENA.

CENA 5: Maria Susana e Elisabete recebem Maurício em casa. Elisabete explica planos ao filho.
-Então é isso, filho... a gente quer saber se você gostaria de se mudar pra cá, pra poder cuidar dessa casa... - fala Elisabete.
-Acho ótima a ideia. Aqui é uma casa bem ampla, arejada... bem diferente do apartamento. Mas me fala uma coisa, mãe: quando é que cês vão partir pra Curitiba? - questiona Maurício.
-Sem querer me meter, mas já me metendo, vai ser o quanto antes. A gente só precisa acertar alguns detalhes que ainda não se resolveram, que é a matrícula do Miguel numa boa escola, por exemplo. Claro que ainda tem uma série de fatores, mas tudo leva a crer que essas coisas vão ser bem rápidas. Dependendo de como a coisa for, não leva nem uma semana pra tudo isso se resolver. - explica Maria Susana.
-Não se meteu coisa nenhuma, querida. É bom que você tenha explicado as coisas de uma forma tão clara. Eu sei como a mãe às vezes se enrola toda nessa coisa de explicar, principalmente quando precisa lidar com despedidas... - fala Maurício.
-Nem fala, filho... eu tou super empolgada pra viver em Curitiba, mas dá uma dor no coração saber que vou te deixar pra trás... depois de tanto tempo... - emociona-se Elisabete.
-Fica assim não, mãe. As coisas precisam se movimentar. A vida nos mostra isso todos os dias. É o curso natural das coisas. Independência faz parte da vida... - fala Maurício.
-Chega desse assunto deprê que eu fiz uma mousse de limão que eu quero que todo mundo experimente! - finaliza Maria Susana.
Os três seguem conversando animadamente. CORTA A CENA.

CENA 6: Durante jantar e após colocar Leonardo para dormir no quarto, Valéria acaba sendo seca com Giovanna. Hugo percebe e tenta apaziguar a situação.
-Valéria, me passa o vinagre, por favor? - pergunta Giovanna.
-Pede pro Hugo. Tá mais perto dele. - rebate Valéria.
Hugo percebe agressividade desnecessária de Valéria e solta um riso sem graça diante da situação.
-Ahm, então... tá mesmo mais perto de mim. Toma, Giovanna. Tá aqui. Precisa de mais alguma coisa ou é só mesmo o vinagre? - questiona Hugo.
-Só isso mesmo. - fala Giovanna, que segue comendo sem perceber clima estranho que se instala durante jantar. Hugo faz gesto para Valéria indicando para os dois saírem dali. Valéria entende o recado.
-Bem, eu já tou satisfeita. Vou ali lavar o meu prato e os talheres. - fala Valéria.
-Também vou me recolhendo. Se quiser entrega seu prato e seus talheres pra gente depois que um de nós lava, Giovanna. - fala Hugo.
Quando os dois chegam à cozinha, Hugo toma Valéria.
-O que foi aquilo, amor? Que cena desnecessária foi aquela? Você não é seca nem grosseira... não entendi.
-Hugo, eu sinto muito se fiquei fora de mim, mas sabe o que é que tá pegando?
-O que?
-Não engoli aquela situação de hoje mais cedo. Aquilo ali me deixou alerta demais da conta.
-E vai criar esse clima desnecessário pra cima da Giovanna? Coitada dela, poxa!
-Deu pra defender ela agora? Quem te viu e quem te vê...
-Não se trata disso. Se trata de ser gentil e agradável.
-Tem razão... depois, ela é a nossa convidada.
-Exatamente. Finalmente você entendeu...
-Sim... vamos voltar pra sala. Acho que ela não ia gostar de ouvir a gente discutindo essas coisas...
-Não ia mesmo.
CORTA A CENA.

CENA 7: Flavinho desabafa com Bernadete.
-Pode falar, querido. Eu sei que cê tá precisando, meu filho...
-Ando mesmo, mãe...
Bernadete fica surpresa.
-Cê me chamou de mãe?
-Escapou...
Bernadete o abraça.
-Meu querido... pode me chamar assim sempre que quiser, viu? Porque eu já me sinto sua mãe.
-E eu me sinto seu filho...
-Mas fala o que te aflige, querido...
-Eu sinto que a minha vida tá desandando. Que saiu dos trilhos... perdi o rumo da reta dela. Não tem a ver com morar aqui e fazer parte dessa família. Isso pra mim tá certo... é que todo o resto virou um amontoado de incertezas. Acho que nem mesmo sei quem eu sou...
-Filho... não se impeça de ser feliz. Não relute contra o que seu coração pede. E eu sei que tem a ver com o amor que você nega...
-Não posso fazer nada. Ele já tomou outro rumo.
-Quem sabe seja a hora de você dar outro rumo também...
CORTA A CENA.

CENA 8: Cristina observa Vitório, que adormece no sofá enquanto assiste TV. Cristina tenta acordá-lo.
-Vitório, acorda. Desse jeito cê amanhece todo torto!
Vitório resmunga e acaba se deitando no sofá.
-Sono pesado, como sempre. O jeito é tapar ele aqui mesmo.
Cristina busca cobertor e tapa Vitório, que segue dormindo profundamente no sofá. Após acomodá-lo de maneira confortável, Cristina segue observando ele dormir e relembra o passado dos dois, pensando consigo mesma em voz alta.
-Quem diria, hein? A gente se conhecendo desde garoto, uma história incrível que a gente viveu junto... de repente maculada por esse lado obscuro que floresceu nele sei lá eu porque... ainda bem que pelo menos ele voltou a ser o cara doce que era e sempre foi. Às vezes eu olho pra ele e nem acredito que ele foi capaz de me sequestrar um dia. Olho pra esse homem e às vezes sinto até vontade de tentar de novo. Mas se eu disser isso a ele, acho que ele me pede em casamento no dia seguinte! Ai, ai... acho melhor ir dormir também.
Cristina ri de seus pensamentos e sai andando. CORTA A CENA.

CENA 9: Humberto e Armênia recebem Érico para jantar na casa deles. Érico os cumprimenta e pergunta por Guilherme.
-E o Gui? - pergunta Érico.
-Tá no banho, ainda. Já já ele desce. - fala Humberto.
-Vem cá, querido. Não se acanhe, senta aqui. Sabe, Érico... você pode nem ter muita ideia disso, mas faz um bem danado ao nosso filho. Cada vez mais tenho certeza de que você é a pessoa certa pra ele. - fala Armênia.
-Eu nunca pensei que ia dizer uma coisa dessas, mas é exatamente o que eu penso, também. Você conseguiu despertar no nosso filho a vontade de amar. Ele tinha medo. - explica Humberto.
-Sabe, gente... eu notava exatamente isso. Mesmo ele se fazendo de durão e tudo mais... eu percebia de certa forma que era defesa. - fala Érico.
Os três seguem conversando enquanto aguardam Guilherme sair do banho. CORTA A CENA.

CENA 10: Antes de dormir, Hugo torna a repreender Valéria por sua atitude diante de Giovanna.
-Poxa, amor! Imagina se eu não tivesse pedido pra pegar leve com ela! Precisava fingir que ela nem tava ali com a gente?
-Hugo, dá um desconto pra mim, vai! Foi a única maneira que eu encontrei de não ser grossa com ela.
-Às vezes te falta um pouco de inteligência emocional, amor.
-Ocê não sabe o que diz.
-Claro que sei.
-Não, não sabe! Eu sou mãe. Portanto eu não admito que ocê me julgue por eu ainda ter desconfianças em relação à Giovanna. Motivos não me faltam!
Giovanna escuta a conversa e interrompe a conversa.
-Cê ainda desconfia de mim? Valéria, eu juro que nunca quis causar nenhum mal estar... - fala Giovanna.
Valéria fica sem reação. FIM DO CAPÍTULO 176.

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