CENA 1: Valéria fica atônita diante de afirmação e histeria de Giovanna. Hugo percebe que a situação pode se agravar e se aproxima de Giovanna, que reage.
-Não toca em mim! Não cheguem perto! Vocês estão juntos nisso, não estão? Tudo é mentira! Essa assassina acabou com a minha vida! Matou meu filho! Eu não sou mãe por causa de você, Valéria! Você destruiu o sonho da minha vida! Destruiu com o único amor que eu tinha! - berra Giovanna, descontrolada.
Valéria se assusta.
-Giovanna, volta a si. Olha pra gente. Pensa bem em tudo o que aconteceu! Esqueceu de tudo? Ocê não tava esperando filho nenhum, nunca esteve grávida. A gente sabe que foi até a gravidez psicológica que agravou as coisas por aí... - fala Valéria.
-A Valéria tá coberta de razão. Volte a si, Giovanna. A gente sabe que certos traumas são difíceis de superar, mas não é negando a realidade que as coisas podem melhorar. - fala Hugo.
-Mentirosos! Vocês todos são mentirosos! Se juntaram nessa farsa pra me enganar, pra me passar a perna, pra me fazer acreditar que eu tava ficando louca quando eu não tava! - explode Giovanna, chorando.
-Não, Giovanna. Você nunca engravidou de verdade. - explica Valéria.
-É verdade. Nunca teve gravidez nenhuma. - insiste Hugo.
Giovanna, ainda revoltada, começa a se acalmar.
-Não é possível. Eu senti todos os sintomas. Meu peito ficou duro, cheguei a ter leite. Minha barriga chegou a expandir um pouco. Não pode ter sido tudo isso criação da minha mente. Não dá pra aceitar. - insiste Giovanna.
-É difícil, mas foi o que aconteceu. - insiste Hugo.
-Mentira. Tá protegendo a assassina... - insiste Giovanna.
-Olha aqui, eu não sou nem nunca seria assassina nessa vida, tá me ouvindo? Ah, que palhaçada é essa agora? Acordou atravessada por causa da porcaria de um pesadelo? Eu não tenho nada a ver com isso não! - impacienta-se Valéria.
Giovanna começa a cair em si.
-Ai, gente... eu acho que fiquei fora de mim... - constata Giovanna.
-Ocê acha, Giovanna? Ocê acha? Ah, francamente! Que situação absurda! Cagando a gente de xingão e agora caindo em si? Ah, pelo amor de Deus! Tá tomando o medicamento pelo menos? - questiona Valéria.
-Aí, eu entendo a sua dor, mas concordo totalmente com a Valéria. Vai se cuidar melhor! - fala Hugo, impaciente.
-Gente... perdão. Eu fiquei realmente fora de mim e não foi a minha intenção causar esse mal estar... - lamenta Giovanna.
-Eu perdoo. - fala Hugo.
-Não tenho porque não perdoar. Mas gente... que tal tomar mais cuidado com tudo? - fala Valéria,
Valéria e Hugo voltam ao quarto.
-Hugo, eu fiquei assustada de verdade com esse surto.
-Também fiquei.
-Me deu a sensação de que ela tava prestes a surtar desde aquele dia na loja.
-Quer saber? Também pensei nisso.
-Tou com medo do que pode acontecer.
-Quem sabe é hora da gente voltar.
-Pro Rio? Também acho...
-Sim.
-A gente vê isso amanhã mesmo. E explica a situação pra Giovanna não entender errado...
CORTA A CENA.
CENA 2: Instantes depois, Giovanna chama Valéria e Hugo para conversarem com ela.
-Gente... eu juro que não quis falar aquelas coisas, muito menos atrapalhar o descanso e a intimidade de vocês... e eu sinto muito por isso. De verdade. - fala Giovanna.
-Tá tudo certo, Giovanna. Agora as coisas estão calmas. Mas a gente decidiu voltar pro Rio de Janeiro. Acho que essa nossa viagem já deu o que tinha que dar. - fala Valéria.
-É isso. A gente tava decidindo exatamente isso antes de você chamar a gente pra conversar. - confirma Hugo.
-Então, gente... eu concordo com tudo isso, inclusive acho que vai ser uma mão na roda, porque eu tava mesmo pra dizer pra vocês de uma ideia que eu tive que pode ser a solução pra mim. - fala Giovanna.
-Eita. Que decisão? - questiona Hugo.
-Tou começando a entender... - constata Valéria.
-Eu quero me internar de novo. - afirma Giovanna.
Hugo se espanta.
-Na mesma clínica? - questiona Hugo.
-Sim, gente. Eu preciso me entender, saber o que realmente tá acontecendo comigo. E sei que pra isso eu vou precisar me internar outra vez. Só sinto por tudo o que vou deixar de fazer pela agência, mas sei que isso vai ser melhor não só pra mim... mas pra vocês e pra todo mundo. - fala Giovanna.
-Ai gente... será que precisa disso tudo? Eu acabo me sentindo meio culpada por ter sido meio dura quando ocê deu surto... - fala Valéria.
-Não se sinta, querida. Eu tava mesmo fora de mim. Acho até que você percebeu isso antes do Hugo... - fala Giovanna.
-É o melhor a ser feito. E fico tranquilo de saber que a própria Giovanna tomou essa iniciativa. - fala Hugo.
-Bem, sendo assim... eu concordo. Mas a gente fala melhor sobre tudo isso amanhã que tou mortíssima de sono. - fala Valéria.
CORTA A CENA.
CENA 3: No dia seguinte, Daniella acerta os detalhes da contratação do novo enfermeiro que vai ficar no lugar de Flavinho na clínica.
-Pode entrar... - fala Daniella ao rapaz.
-Bom dia.
-Seu nome é Júlio?
-Isso mesmo.
-Me passa a sua documentação que eu verifico aqui antes de enviar ao RH.
O rapaz passa a documentação a Daniella, que examina.
-Júlio Santana. É só esse o seu nome?
-Sim. Não tem nome do meio.
-A sua família vive aqui no Rio de Janeiro ou em São Paulo?
-Ficou por lá. Vim sozinho pra cá.
-Certo. Sua documentação parece estar regularizada. Eu vou levar tudo ao RH e enquanto isso cê pode esperar nas dependências da clínica, se já quiser ir se familiarizando com o ambiente.
Poucos instantes depois, Daniella percebe que Gustavo está perplexo e o aborda.
-Já sei, amor... cê viu o novo enfermeiro, não viu?
-Vi. É impressionante como... bem, deixa pra lá.
-Ele lembra mesmo o Flavinho. Até no jeito de usar o cabelo, eu sei. É mesmo impressionante. Falou com ele?
-Ainda não.
-Ele se chama Júlio.
CORTA A CENA.
CENA 4: A pedido de Giovanna, Valéria e Hugo a acompanham até a clínica para se internar.
-Giovanna... a gente vai fazer como foi combinado, certo? A gente vai falar com o Ezequiel. - avisa Hugo.
-Enquanto isso você espera a gente aqui fora, tá? De repente já revê alguma amizade que fez por aqui... - fala Valéria.
Giovanna fica do lado de fora e Ezequiel, o psiquiatra, recebe Valéria e Hugo para falar do caso de Giovanna.
-Bom dia, queridos. Vieram aqui falar sobre a internação da Giovanna? - questiona Ezequiel.
-Sim. Ela tá vindo voluntariamente. - explica Hugo.
-Muito bom. É raro que isso aconteça entre os pacientes que acabam internados por aqui. Aconteceu alguma coisa específica pra que ela tomasse essa decisão? - questiona Ezequiel.
-Sim, aconteceu. Ela surtou. Acordou de um pesadelo e parecia outra pessoa. Me chamava de assassina e me culpava pela morte do bebê que na realidade nunca existiu. Naqueles poucos minutos ela tava transtornada. Não era ela. Era outra pessoa tomando conta. - esclarece Valéria.
-Muito interessante vocês me relatarem isso. Desde antes da primeira alta da Giovanna, eu vim investigando a fundo e revendo os exames que já haviam sido feitos por ela. Com base nessas informações, cruzadas com esse relato, a conclusão é que, com quase total certeza, o maior transtorno de Giovanna se trata do transtorno dissociativo de personalidade. - explica Ezequiel.
Hugo se espanta.
-Como assim? Com que base se pode afirmar isso? - pergunta Hugo.
-Bem... no caso dela, os indícios são bem fortes. O histórico dela leva ao mesmo caminho. Ela manifesta mais de uma personalidade. Só precisamos ainda mensurar o alcance disso. Saber quantas existem ali. - prossegue Ezequiel.
Valéria e Hugo ouvem atentamente. CORTA A CENA.
CENA 5: Bernadete percebe que Flavinho anda entristecido e letárgico, indo até ele.
-Meu filho... reage! Levanta dessa cama. Vai fazer alguma coisa, ir no quintal, pegar um sol... sol faz bem, sabia?
-Ai... não sei se quero.
-Tenta reagir pelo menos...
-Pra que? Nada disso tem valor quando eu percebo que joguei tanta chance fora...
-Não acho justo que você se maltrate dessa forma e se coloque como responsável pelo rumo que as coisas tomaram.
-Mas eu sou responsável de certa forma.
-Concordo. Mas não é o único. É aquela coisa: o que um não quer, dois não fazem.
-Verdade.
-Não precisa sair daqui nem do Rio pra superar essas coisas, filho...
-Precisa sim.
-Tem certeza?
-Tenho. Eu quero reencontrar coisas que me significaram na infância e na adolescência. Talvez por ali eu encontre as respostas que ainda não tenho.
-Não tenho como discordar desse argumento. Porque sei que isso pode realmente ser uma boa solução.
-Não leva a mal...
-Não levo. Vai doer, mas vou compreender.
CORTA A CENA.
CENA 6: Ricardo resolve pedir Glória em casamento.
-Cê quer mesmo casar comigo?
-É o que sempre quis. Hoje eu sei.
-É que até outro dia a gente nem namorando tava...
-Mas você pediu... como nos velhos tempos.
-Sim. E agora cê me pede em casamento.
-Só diz que aceita.
-Aceito. Claro que aceito. Eu te amo, Ricardo. Sempre te amei. Sempre te quis só pra mim.
-Eu também te amo e acho que sempre foi assim.
-Esperei anos pra ouvir isso. Não me arrependo de ter esperado.
-Só mesmo nós dois pra dar tanto murro em ponta de faca...
-Faz parte do que a gente precisava aprender.
-Falando em aprender.... eu queria fazer algo diferente.
-O que?
-Anunciar pra todo mundo na agência que a gente vai casar.
-Ai, será?
-Por que não?
-Sei lá. Vai que isso desperta invejas desnecessárias...
-Problema de quem invejar. Somos maiores que isso.
-Desse jeito cê até me convence...
-A intenção é justamente essa.
-Bem... acho que mal não há de fazer...
CORTA A CENA.
CENA 7: Vitório se encontra com Fábio e os dois conversam.
-Espero que cê tenha coisas mais concretas além do seu português de sotaque italiano...
-Ainda não, cara...
-Então acho bom que cê tenha um bom motivo pra ter vindo me incomodar tão cedo.
-Primeiro que a minha intenção não é incomodar. Segundo que eu poderia ser seu amigo se você quisesse.
-Mas não é assim que as coisas são.
-Que seja.
-Fala logo, Vitório.
-Lute pela Cristina. Ela tá esperando por isso.
-Duvido. Ela é mulher de decisões e atitudes firmes. Lutar por ela não bastaria, seria inútil.
-Por que não tenta?
-Porque sei onde vai dar.
-De repente você se surpreende.
-Eu queria, Vitório. Mas perdi as esperanças.
-Não devia. Ainda é cedo demais pra desistir.
CORTA A CENA.
CENA 8: Giovanna é chamada pelo psiquiatra.
-Fala, doutor Ezequiel.
-Me chame apenas de Ezequiel, por favor.
-Tá certo. Enfim... alguma recomendação de tratamento novo?
-Sim. Finalmente concluímos com absoluta certeza qual é o seu real transtorno.
-Mesmo?
-Sim.
-E o que eu tenho?
-Transtorno dissociativo de personalidade.
-Do que se trata isso?
-Personalidades múltiplas. Há pelo menos quatro variantes suas que puderam ser verificadas. Seus medicamentos vão ser adequados de forma a evitar surtos nesse sentido.
-Gente... eu sou mais de uma?
-Basicamente isso.
Giovanna fica perplexa. CORTA A CENA.
CENA 9: Cristina está concentrada no trabalho quando é surpreendida por Fábio. Cristina toma um susto.
-Você não avisou que tava de volta...
-Tinha que te avisar?
-Não, nada disso... mas é que tomei um susto.
-Percebe-se.
-Por que veio aqui?
-Acho que a gente precisa conversar.
Cristina fica tensa. CORTA A CENA.
CENA 10: Daniella leva Gustavo para dormir em sua casa e o flagra adormecido no sofá.
-Amor, acorda!
Gustavo se espreguiça. Daniela se impacienta.
-Acorda logo, amor! Jantar ficou pronto!
Gustavo resmunga.
-Já vai, Flavinho... já vai.
Daniella fica perplexa. FIM DO CAPÍTULO 181.
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