segunda-feira, 5 de junho de 2017

CAPÍTULO 175 - ÚLTIMAS SEMANAS

CENA 1: Cristina olha para baixo e percebe que sua hemorragia está severa.
-Eu acho que tou perdendo meu filho! Me leva pro bloco de exames, Flavinho! Chama a Júlia com urgência! Pelo amor de Deus!
-Cristina, tudo o que eu não preciso agora é que ocê fique apavorada. Respira, colabora comigo que eu te levo até lá. Já aviso a Júlia. Vem comigo.
Flavinho conduz Cristina com cuidado e Júlia se aproxima deles a caminho da sala de exames.
-O que está acontecendo? - pergunta Júlia.
-Eu acho que tou perdendo meu bebê! - fala Cristina.
-Isso. O sangramento começou depois de uma forte cólica que ela teve. - explica Flavinho.
Júlia examina extensão do sangramento antes de acomodar Cristina na maca.
-Não me parece com um aborto. Parece sim algum sangramento oriundo de estresse. O organismo pode ter mantido algum sangue residual dos ciclos anteriores à gravidez. Às vezes isso pode ser causado por estresse e, dependendo do tempo que o sangue se acumula ali, pode dar início a quadros inflamatórios ou causar desconfortos semelhantes à cólica menstrual. Claro que eu vou examinar pra confirmar, mas duvido muito que a gravidez esteja em risco. - afirma Júlia.
-Tomara que seja isso só, mas tá doendo muito... - fala Cristina.
-Querida, vou precisar que se acalme porque vou te examinar agora. - pede Júlia.
-Isso Cris... melhor sossegar agora e confiar que tudo vai ficar bem. - fala Flavinho.
Júlia examina Cristina e constata que está tudo bem com a gravidez e com o bebê. Flavinho deixa as duas sozinhas.
-Como eu suspeitava, Cristina. A gravidez vai bem e o bebê melhor ainda. Não há aparentemente nenhum risco direto à gravidez, mas a reação do seu corpo por si só já acende um sinal de alerta. Você tem histórico de pressão alta no final da gravidez da Arlete, além de ela ter nascido relativamente prematura. Você é médica e deve estar presumindo o que isso deve significar.
-Eu tou, sim. Mas Júlia, se não sou eu pra tocar essa clínica, como ficam as coisas?
-Do mesmo jeito de sempre. Chame alguém para ficar no seu lugar, mas é preciso pegar leve nesse ritmo.
-E chamar a minha irmã de novo? Depois de tudo o que eu já abusei dela?
-Você tem outra opção? Devia ter pensado nisso antes...
-Mas não pensei. Desse jeito, eu fico de calça na mão.
-Pois é melhor ir pensando num jeito de resolver essa questão. Não é preciso parar com tudo, porque eu sei o tanto que você gosta de trabalhar, chefinha... só que agora é pela sua saúde e pela saúde dessa criança. Cê tem a noção de que se não diminuir o ritmo vai acontecer exatamente o mesmo que aconteceu com Arlete ou mesmo coisa pior? Seu útero nem teve tempo de voltar à forma normal e já tá gestando outra criança. Você sabe muito bem quais são os riscos disso.
-Eu sei. Mas não tenho outra opção.
-Sempre tem. Fale com a sua irmã.
-Mas ela vai me odiar por isso.
-Vocês que se entendam, duvido que a Daniella não vá compreender a necessidade de tudo isso.
-Ai, preciso tomar coragem pra isso...
CORTA A CENA.

CENA 2: Já instalado no apartamento alugado por Sérgio, Vitório se surpreende ao ver Cristina chegar cedo.
-Eu, hein! Logo você, toda workaholic, chegando ainda de dia? Que bicho te mordeu? Preguiça de gravidez?
-Antes fosse, Vitório. Antes fosse...
-Você parece preocupada.
-E tou. Tenho um pepino gigante pra resolver e nem sei por onde começar tudo isso, sinceramente. Tenho que falar com a Daniella pra ela me cobrir no trabalho.
-Por que?
-Eu tive uma cólica e um sagramento hoje. Tive medo de verdade de perder meu filho.
-A culpa é minha.
-Como é que é? Claro que não, Vitório. Não viaja!
-É sim. Se eu não tivesse te submetido a todo aquele estresse absurdo quando te sequestrei... tudo isso conta. Tem menos de dois meses, ainda por cima.
-Besteira. Eu nem sabia que tava grávida ainda naquela época.
-Isso não diminui minha culpa.
-Deixa disso, meu amigo. Ninguém tem culpa. Já tive uma gravidez complicada esperando a Arlete. Vai ver meu organismo não ajuda muito...
-Só você mesmo... depois de tudo, ainda consegue ter essa visão generosa das coisas.
-Você também é capaz disso, Vitório. A maior prova é que nós estamos aqui. Apesar de tudo, grandes amigos.
CORTA A CENA.

CENA 3: Horas mais tarde, Cristina conversa com Daniella a respeito de sua gravidez.
-Então é isso, mana. Minha gravidez pode acabar correndo risco de ser interrompida se eu não diminuir meu ritmo de trabalho.
-Poxa, chato isso, né? Tudo acontecendo de novo... e eu achando que essa sua gravidez ia ser mais tranquila do que quando cê engravidou da Letinha...
-Nem fala, mana. Eu fiz de tudo pra que isso fosse diferente.
-Mas as coisas não favoreceram. Primeiro o Vitório te sequestra e te leva pra Itália, depois cê descobre que já tava grávida e ainda tem de lidar com o machismo do Fábio. Ainda que eu considere pessoalmente que toda a situação que se criou depois disso um tremendo de um overreacting.
-Fácil pra você dizer sob a sua perspectiva que tudo se resume a um simples overreacting da minha parte, mas queria ver se fosse com você... que espécie de feminista é você, mana?
-A realista. Em primeiro lugar que isso nunca aconteceria comigo porque eu não nasci pra ser mãe. Não quero ter filhos e nunca fiz segredo disso ou desse assunto um tabu. Sim, eu tenho empatia por você, mas isso não significa que eu vou passar a mão na sua cabeça mesmo percebendo que cê tá errando feio. Como essa história maluca de você voltar com o Vitório. Eu nunca vou entender isso, por mais que eu me esforce.
-Só quero saber que posso contar com você.
-Sabia. Tava demorando pro papo chegar nisso. A madame tá precisando que eu cubra mais uma vez, não é?
-Sim. Mas a gente divide dessa vez. Não vai ser como antes.
-Eu aceito, mas com uma condição.
-Pode falar.
-E cinquenta cinquenta. Meio a meio. É pegar ou largar.
-Fechado.
CORTA A CENA.

CENA 4: Na manhã do dia seguinte, Valéria se empolga falando sobre a cidade durante café da manhã com Hugo e Giovanna.
-Ai gente, eu sei que ocês já vieram em BH antes, mas eu preciso demais mostrar alguns lugares. Daqueles que ocês precisam conhecer pra aproveitar mais ainda essa viagem... - fala Valéria.
-Pois é. Eu já vim aqui a trabalho, se bem que da última vez eu vim pra tentar catar coisas contra você, Valéria... - confessa Giovanna.
-Admiro sua sinceridade. - fala Valéria.
-Acho incrível a ideia da gente ser guiado por você, amor. Afinal de contas, tanto eu quanto a Giovanna somos turistas nessa cidade, você que conhece as coisas todas... - fala Hugo.
-Eu fico bem animada com a ideia, gente. Tou mesmo amando esse clima, esse lugar, essa casa, essa cidade. Vai ser incrível! - se anima Giovanna.
CORTA A CENA.

CENA 5: Érico decide contar à sua mãe que voltou a namorar com Guilherme.
-É, dona Margarida... não é que você tava certa?
-Não que eu goste de estar sempre certa, mas minha intuição é mesmo bem porreta. O que foi?
-Voltei com o Guilherme.
-Sério, filho? Namoro, mesmo?
-Sim, mãe. Mais firme que nunca!
-Ah, eu sabia! Tinha certeza que cê não tinha esquecido dele e principalmente que ele tava percebendo que gosta mais de você do que pensava!
-Pois é, mãe... e eu duvidando disso. Sempre inseguro.
-Mal de canceriano. Mas pelo menos as coisas deram certo. Fico muito aliviada por você, filho...
-Demorei pra te contar porque queria ter certeza que era firme e real dessa vez.
-Bem que eu notei que o menino Flávio não vinha mais... nem pra me dizer que tinha terminado com ele...
-Ah, mãe... ele tá longe de ser menino. Tem quase trinta anos. Depois, eu achei que cê já soubesse.
-Desconfiava. Mas precisava da certeza. Gosto dele.
-Nem fala, mãe... no fim das contas, eu fico preocupado com ele. Sei que ele tava comigo pra fugir do Gustavo, mas não sei se ele vai conseguir viver numa boa sabendo que o cara que ele ama tá em outra...
-Filho... esse tipo de coisa acontece. E não há nada que a gente possa fazer pra impedir. A dor vem, o sofrimento às vezes ensina a gente a crescer.
-Só que ele é um cara bom...
-Nem eu disse o contrário, só que apesar de ele ser um cara bom, convenhamos que ele é bem cabeça dura, né?
-Ah, isso é verdade. Teimoso que só...
-Ele precisa aprender a deixar esse orgulho besta de lado. Admitir que também cai. Que também titubeia.
-Não sei se ele consegue.
-É bom que consiga, viu? A vida sempre cobra da gente um pouco de flexibilidade. Pelo menos o mínimo...
Os dois seguem conversando. CORTA A CENA.

CENA 6: Glória percebe que Ricardo anda tenso.
-Tá precisando desabafar?
-Você não entenderia.
-Claro que entenderia. Esqueceu que a gente é amigo? Tou vendo que cê tá tenso. Pode falar!
-Besteira minha. Na real nem sei se é mesmo tensão.
-Querendo falar a respeito comigo, saiba que eu tou sempre disposta a te ouvir e compreender.
-É sobre a Giovanna. Eu sinceramente não sei até que ponto ela não mudou ou tudo isso é implicância minha.
-Bem, Ricardo... não é difícil de te entender. Se tem alguém nessa vida que tem motivos de sobra e não pode ser julgado por não acreditar na Giovanna, esse alguém com certeza é você.
-Eu me sinto frustrado. Usado. Como se meu tempo estivesse acabando, escorrendo pelos meus dedos.
-Como assim? Tem a ver com aqueles sonhos que você tem desde garoto e às vezes quer realizar?
-É tudo sobre isso. Eu tou vendo a idade chegar e sem criar raízes, nem mesmo filhos eu tive.
-Ainda tá em tempo, meu amigo. Nunca é tarde.
-Fácil falar. O tempo não espera pra sempre. Um dia meu tempo vai acabar. É isso que assusta.
-Se nada der certo, eu posso ser a mãe do seu filho.
-Deixa de besteira, Glória. Você é a minha melhor amiga. Se a gente chegar a ponto de decidir isso, tenha certeza que não é pelo desespero. Não mesmo!
-Tá se sentindo melhor?
-Sim. Obrigado por isso. Por estar presente...
CORTA A CENA.

CENA 7: Nicole, Leopoldo, Bernadete e Sérgio debatem sobre planos para casamento.
-Então eu tava pensando que, já que a gente decidiu que vai ser tudo junto na hora de casar, a gente podia pensar num festão daqueles, né? Cheio de comida porque encher o bucho é fundamental, muita bebida e muita música, claro! - se empolga Bernadete.
-Quem diria que essa madame quase cinquentona ia falar essas coisas, hein? - provoca marotamente Nicole.
-Ah é, dona Marilu? E você que tá sempre pegando comida escondida? - segue Bernadete na brincadeira.
-Meninas, quem sabe a ideia a ser seguida não é algo mais aqui em casa? - propõe Sérgio.
-Ficou louco, amor? A gente quer coisa grande! - rebate Bernadete.
-Eu entendi onde ele quer chegar. A coisa grande pode ser aqui. Nossa casa, o pátio que é gigantesco e comporta espaço para uma festa do porte que a gente tá imaginando... - conclui Leopoldo.
-Ai gente, será? E aquela nogueira imensa que fica soltando folhas secas pelo pátio e pela piscina? - questiona Nicole.
-Isso daí a gente resolve mandando o Silviano podar. Tá chegando a época da poda, mesmo... - fala Bernadete.
-Bem, o importante é que tudo esteja nos conformes e todos de acordo. - fala Sérgio.
CORTA A CENA.

CENA 8: Gustavo consegue abordar Flavinho enquanto ele está distraído.
-Agora ocê não tem desculpa de que tá ocupado. Tou vendo que não tá.
-Tudo bem. Eu acho mesmo que andei pegando pesado na distância. Quer falar sobre o que?
-Queria explicar melhor as coisas.
-Gustavo... esquece isso porque ocê não me deve explicação nenhuma. De verdade...
-Mas eu preciso.
-Vai em frente, então...
-Sobre o meu casamento com a Dani... eu queria deixar claro que em nenhum momento eu quis te deixar triste.
-Quem disse que eu fiquei triste, Gustavo? Ói, francamente... tem vezes que você se acha, hein?
-Para de bancar o durão. A gente viveu uma história. Curta, é verdade... mas que mexeu com a gente.
-Mexeu com você? Bom saber. Eu vou seguindo numa boa.
-Se ocê prefere assim...
-Sim. Não tem razão pra continuar falando sobre isso. Agora me dá licença.
CORTA A CENA.

CENA 9: Daniella acerta com Cristina os termos de permanência na clínica.
-Então cê registrou bem aí, certo?
-Sim. Três vezes por semana. Mas mana, tem certeza que não dá pra cobrir mais que isso?
-Não, Cris. Esse é o limite. Não são seis dias úteis na semana? Três deles são meus e três deles são seus. Meio a meio... é assim ou não é de jeito nenhum.
-Tudo bem. Eu vou lançar isso nas escalas aqui, no sistema.
-E já vai colocando pros próximos meses. Não quero saber de mudança nisso enquanto cê não sair de licença. Depois a gente vê como faz...
-Certo. Já atualizei a escala. Obrigada por isso, mana... por estar sempre ao meu lado. Eu peço desculpa se me abuso de vez em quando.
-Te entendo. Mas essa situação é passageira, Cris. E é caso de necessidade, não é abuso seu. Eu jamais te deixaria na mão. Só imponho meus limites porque eu sou bem dessas!
-Tá certa, Dani... pode ir.
CORTA A CENA.

CENA 10: Durante passeio, Valéria, Hugo e Giovanna param em uma loja de variedades e Valéria se encanta pelas roupas à venda.
-Amor! Olha só que graça essa batinha! Que delicadeza! Acho que vou levar essa! - fala Valéria.
-Realmente bonita... - fala Giovanna, se afastando logo em seguida.
-Olha essa aqui também, Valéria... é a sua cara. - fala Hugo.
-É mesmo... ai, amor... é impressionante como ocê conhece direitinho as coisas que eu gosto! - vibra Valéria.
De repente, Hugo dá por falta de Giovanna.
-Amor, cê viu a Giovanna?
Valéria olha para os lados e se apavora ao não ver nem Giovanna, nem Leonardo.
-Ai meu Deus! Eles sumiram! - fala Valéria, lívida.
FIM DO CAPÍTULO 175.

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