CENA 1: Hugo segue olhando para Cristina, fascinado. Cristina percebe que ao esbarrar nele, acabou derramando champagne em sua camisa.
-Não tem problema, moça... uma vez ouvi uma senhora dizer que quando derramam champagne na gente a menos de cinco minutos da virada, é sinal de muita sorte no ano que vem. Me chamo Hugo, e você?
-Ai, Hugo... mil perdões, de verdade! Sou mesmo uma cavalona desajeitada, sempre fazendo besteira... sou Cristina.
-Aposto que é sagitariana, acertei?
-Cê é algum tipo de vidente, rapaz? Fiz aniversário no final do mês passado mesmo... ah, já sei: você deve ser outro sagitariano desajeitado. Claro! Pra ter andado distraído e não ter me visto dançando...
-Sou de libra, mas isso não importa. Você tem luz, Cristina. Não faz ideia do quanto pedi a Deus que me desse motivos pra sorrir antes de 2014 começar...
-Ih... que papo esquisito, Hugo... é esse seu nome, não é?
-Sim, me chamo Hugo. Não me leve a mal, não pense que estou te cantando, viu?
-Quem, eu? Nunca pensei! Só acho que cê vai ficar todo melado se não tirar essa camisa agora mesmo.
-Antes da virada? Nem pensar! Na verdade... eu tenho uma ideia. Talvez cê ache isso doido demais e eu vou entender se não topar, mas...
-Ai, chega de enrolação, Hugo! Fala logo que eu gosto de objetividade.
-Você derrubou champagne na minha camisa, certo?
-Sim... isso é óbvio. Mas o que isso tem a ver com a sua ideia?
-Falta menos de dois minutos pra virada e eu lembrei do que a velha senhora me disse aquela vez. Então eu proponho que a gente espere o ano virar e depois de pular as sete ondas, a gente se joga no mar...
-Entendi. Pra você essa pode ser uma solução, afinal cê vai ficar todo grudento se esse champagne ficar aí. Mas onde é que eu entro nisso? Eu sei que fui eu que te sujei, já pedi desculpa, mas euzinha não me sujei... pra que eu vou me jogar no mar?
-Talvez a gente nunca mais se veja. Eu gosto da sua energia. Você devia ser mais leve, mais solta. Você topa se jogar no mar comigo sem questionar?
Cristina se sente tocada pelo que Hugo diz.
-Alguma coisa me diz que a gente ainda volta a se encontrar. Mas quer saber? Gostei dessa sua vontade de fazer o que bem entende. Ando precisando me jogar sem questionar.
-Profundo, isso... você topa, então?
-Claro que sim! E acho bom a gente correr pra onde estão meus pais e minha irmã que faltam segundos pra virada! Aquele homem logo ali é seu pai? Você é a cara dele!
-Sim. Ele se chama Leopoldo. Está precisando ficar sozinho, pensar melhor nas coisas. Andou fazendo besteira, mas não vamos falar sobre isso. Sua família parece bem mais animada. Aquela garota é sua irmã, não é?
-Minha única irmã, a caçulinha da família. Daniella, o nome dela.
Daniella se aproxima dos dois.
-Eu ouvi meu sagrado nome ser citado em vão? Que blafêmia! - brinca Daniella.
-Boba... esse aqui é Hugo. - esclarece Cristina.
-Gente, faltam dez segundos pra virada, corram imediatamente pra contagem regressiva e depois a gente vai se acabar dançando porque sim! - determina Daniella.
-Ela é sempre esse furacão? - pergunta Hugo.
-Sempre. Devia se chamar Katrina, isso sim. - brinca Cristina.
O ano vira. Todos se abraçam e comemoram a chegada de 2014 e Daniella começa a dançar novamente quando a música começa a tocar.
-Venham os dois aqui! Não é um pedido, é uma ordem pra extravasar e ser feliz! - fala Daniella.
Hugo e Cristina se juntam à dança.
-Vou me jogar no mar com vocês. Escutei um pouco o que vocês conversaram. E acho bom vocês serem rápidos, quero ver quem chega primeiro. - fala Daniella, começando a correr.
-Sem pular as sete ondas? - questiona Hugo.
-Sem pular as sete ondas! - afirma Cristina.
Os dois correm e alcançam Daniella. Os três se atiram no mar e se divertem. CORTA A CENA.
CENA 2: Belo Horizonte. Após a virada, Leonardo beija Flavinho apaixonadamente e, emocionado, reflete com Flavinho e Valéria sobre os rumos que a vida tomou.
-Sabe, gente... é doido como a gente sempre pensa que tem controle sobre as coisas, sem entender que às vezes o melhor da vida tá justamente naquilo que foge do nosso controle e dos nossos planos... - divaga Leonardo.
-Vish... o viado mal começou a beber e já começou a filosofar? Esse daí deve ter sido treinado e lapidado nos melhores bares da vida... - brinca Valéria.
-Boba. Deixa o Leo falar, gente! A gente tá tão feliz! E o mais doido disso é que a gente tinha todos os motivos do mundo pra estar triste. Mas não... a gente escolheu ser feliz. Acho que somos mais fortes do que pensamos... - divaga Flavinho.
-Nós levamos uma vida linda, meus queridos. Vocês são minha família e agora eu percebo isso. Queria poder consertar as coisas do passado, mas o que nós temos aqui é raro. E não quero perder isso nunca. - fala Leonardo, emocionado.
-Ai gente, cês querem parar de falar tanta coisa bonita? Mal cheguei em dois mil e catorze e já tou borrando toda a minha maquiagem? É isso mesmo, produção? - descontrai Valéria.
-Acho que essa marrentinha tá precisando de mais um montinho, não acha, Leo? - propõe Flavinho, marotamente.
-Ai não, seus doidos! De novo não! - protesta Valéria.
-Tarde demais, a vítima já está cercada! - prossegue Leonardo, na brincadeira.
Os três se abraçam, felizes.
-A gente podia ser sempre assim, né gente? Por isso que eu digo: pra que eu vou querer um macho na minha vida se já tenho essa família linda aqui? - divaga Valéria.
-Pra sempre é tempo demais. A gente nunca sabe quanto tempo é esse pra sempre. Uma hora ele acaba pra alguém. Pode ser pra mim, pra vocês, pro pipoqueiro da esquina no parque... - divaga Leonardo.
-Nossa, amor... agora você foi longe. Até minha cabeça deu um nó aqui. Faz isso com esse taurino lerdo aqui, não... - brinca Flavinho.
-Tá... chega de filosofagem por hoje. O ano tá começando e eu quero que a gente curta muito essa vida linda. Só que antes eu preciso falar sobre algo muito importante, de relevância vital para mim... - fala Leonardo.
-Lá vem drama e exagero canceriano, sou capaz de apostar! - brinca Valéria.
-Tá boa, santa. Falou a aquariana diferentona que tá sempre se sentindo a escolhida barroca rococó... - brinca Flavinho.
-É sério, gente... eu andei pensando em muitas coisas. Eu sei o que eu quero da minha vida. E espero que você também saiba, Flavinho. Você quer casar comigo?
-Casar? Claro que sim! É o que mais quero! - fala Flavinho, emocionado.
-Então eu mesma, Valéria Varela, caso os dois agora mesmo! - vibra Valéria.
-Adorei a ideia. Mas a gente vai precisar oficializar diante da lei cedo ou tarde, não é, amor? - questiona Flavinho.
-Claro que sim. Mas isso pode levar tempo. Não precisamos ter pressa, tudo vai se resolver. Mas nesse momento eu tou aceitando a ideia dessa... cerimônia intimista que a Valéria quer celebrar. - fala Leonardo.
Os três se emocionam e se divertem. CORTA A CENA.
CENA 3: Rio de Janeiro. Feriado de Carnaval de 2014. Cristina passeia com Daniella e fala sobre Hugo.
-É impressão minha ou a senhorita fica empolgada falando do Hugo?
-Ai, mana... nada disso. É que ele é sempre tão solícito, gentil... tão legal comigo, sabe? Sempre pensa antes de falar, acho isso raro.
-Sei. Pra mim, ele tem esse cuidado todo porque tá é paradíssimo na sua.
-O quê? Cê acha mesmo que ele tá apaixonado? Mas a gente é tão amigo...
-Vem cá, Cristina: você tem vinte e seis anos ou dezesseis? Acaso não sabe que todo amor que se preze começa com uma boa e sólida amizade?
-Claro que sei. Mas nem passa isso pela minha cabeça, Daniella.
-Será que não passa? Você já falou três vezes hoje sobre esse convite do Hugo de passar uns dias com ele lá em Angra.
-É que fiquei indecisa, só isso.
-Se ficou indecisa, talvez isso queira dizer mais do que você tá conseguindo ver.
-Me surpreende você bancar o cupido e jogar macho pra cima de mim. Logo você, que diz que mulher nunca precisa de homem...
-E não precisa mesmo, boba. Só que ter alguém não significa precisar. Ai, Cristina, às vezes parece que a irmã mais velha sou eu e não você, porque olha...
-Então cê acha que eu devo aceitar passar esses dias com ele?
-Precisa mesmo dizer? Óbvio, criatura! Vai perder tempo chorando eternamente pelo Vitório? Acho que você merece mais que isso.
-Precisava falar no nome desse imbecil?
-Tá... desculpa. Erro meu. Mas talvez ele não seja imbecil. A vida só mudou o rumo das coisas. Acontece.
-Você fala com essa frieza porque nunca viveu um grande amor.
-E nem quero. Grande amor pra que? Pra perder a noção de quem eu realmente sou? Largar meus planos e sonhos? Nunca, minha filha, nunca!
-Você tá quase me convencendo a ir com Hugo...
-A decisão tem que ser sua. Não minha. Não quero saber de você me cobrando nada depois se alguma coisa não sair como planejado.
-Ai, tá... eu vou pensar com carinho no convite do Hugo. E fica tranquila que não vou colocar essa responsabilidade sobre você.
CORTA A CENA.
CENA 4: Bernadete está navegando pela internet em seu laptop quando recebe uma chamada de vídeo de Leonardo, ficando radiante.
-Meu filho! Que coisa boa essa chamada! Estou com tanta saudade!
-Nem me fala, mãe. Minha única dor de ter me mudado pra BH é ter deixado você aí. Sinto tanto a sua falta, do seu carinho, do seu café com leite que ninguém nunca fez igual...
-Ai, Leozinho, meu filho... e eu morro de saudades daquelas massagens maravilhosas que nunca ninguém fez igual. Como estão as coisas aí? E as namoradas?
-Não penso muito nisso, não. Tou vivendo com dois amigos, Flavinho e Valéria. Eles são ótimos, sabia?
-Que bom. Eles estão aí, agora?
-Não. Foram fazer compras. Mas ainda mostro eles pra você quando eu te chamar outra vez. Flavinho é a pessoa mais maravilhosa que conheci na vida e Valéria não tá muito atrás, não.
-Eles trabalham, filho?
-Sim. Conheci Flavinho quando tava fazendo um bico num hospital. Ele é enfermeiro lá. Inclusive é graças a ele que consegui um emprego fixo depois de perder o primeiro emprego que arranjei por aqui. Mas me conta mais sobre você, mãe... você tá tão bonita!
-Deve ser pelo carnaval, não sei. Às vezes sinto que não tenho muito o que esperar da vida... que Deus me perdoe pelo que tou dizendo, mas...
-Nada disso, dona Bernadete! Aposto que seu coração anda bem forte e você tem muita vida pela frente ainda...
-Sabe o que é, meu filho? Desde que você foi embora eu não sinto mais a mesma alegria...
-Um dia eu volto. Mas talvez isso ainda demore.
-Me diz, Leo... por que você foi embora, meu filho? Foi alguma coisa que eu fiz ou deixei de fazer?
-Não tem nada com você, mãe. São coisas que não posso dizer. Não agora...
-Você não quer dizer?
-Querer eu quero. Mas sinto que não posso. Procura me entender, mãe...
Nesse momento, Leopoldo chega e escuta parte da conversa.
-Bernadete, pode deixar eu falar um pouco com o nosso filho também? - pergunta Leopoldo.
-Claro! Meu filho, agora eu vou dar licença pro seu pai falar com você. Liga mais vezes, tá? Te amo, Leo.
-Te amo demais, mãe.
Bernadete se retira e Leopoldo confronta o filho.
-Mais um minuto que eu demorasse a chegar e você ia dar com a língua nos dentes, fedelho. Vem cá, você não pensa na sua mãe, não? Não pensa que o coração dela é fraco?
-Você que tá dizendo que eu ia dar com a língua nos dentes. Isso nem passou pela minha cabeça. Você sabe muito bem que só me expulsou de casa porque começou a ficar paranoico depois que...
-Não ouse mencionar essa degeneração diante de mim.
-Tá vendo? É sempre assim. Você não suporta a verdade. Não tolera as pessoas como elas são. Nem meu pai você soube ser! Agora me dá licença que eu tenho mais o que fazer!
Leonardo desliga e Leopoldo fica pensativo. CORTA A CENA.
CENA 5: Cristina e Daniella esbarram com Giovanna ao passearem e Giovanna se junta a elas.
-Queridas, que coincidência boa ver vocês aqui! Daniella, cê se importa de eu pedir a sua irmã emprestada um segundinho?
-Imagina, fofíssima... a Cristina tem total liberdade para falar com você sobre o último grito da moda... - ironiza Daniella, deixando as duas.
-Desculpe pela Daniella, Giovanna... ela tem essa péssima mania de implicar aleatoriamente com as pessoas... - contemporiza Cristina.
-Ela não vai mesmo com a minha cara, né? É uma pena, acho sua irmã tão legal...
-Besteira dela. Na cabeça dela é estranho você ser tão amiga do Hugo, sendo sócia dele ao mesmo tempo.
-Bem... melhor deixar isso pra lá. Quer dizer, não totalmente. É sobre o Hugo mesmo que eu queria falar com você.
-Sobre o convite que ele fez pra eu passar esses dias de carnaval com ele? Sinceramente eu ainda não decidi, Giovanna...
-Se eu fosse você, aceitava... Cristina, sua louca, cê tá perdendo tempo demais... Hugo tá completamente na sua!
-Ele disse alguma coisa?
-Não diretamente, mas... precisa dizer? É só observar o jeito que ele te trata, que ele te olha... pra mim é claro que ele tá completamente e irremediavelmente apaixonado por você. Não custa dar uma chance pra ele, né? Já passou do tempo de chorar as pitangas pelo italiano lá que te deixou...
-Quer saber? Você tem razão, Giovanna. Eu tenho mesmo é que ir e aproveitar. O Hugo pode não ser a maior paixão que eu possa viver, mas é um homem bom e pode me fazer feliz.
-Sábia escolha, minha amiga. Algo me diz que vocês voltam dessa viagem mais unidos que nunca! Bem, querida... agora preciso ir porque minha diarista não vem hoje e eu preciso dar um jeito no meu apê... beijo, querida!
Giovanna vai embora e Daniella retorna.
-Nem precisa me dizer nada, Cristina. Ouvi tudo. Não é que essa “fofíssima” deu uma dentro?
-Eu te disse que a Giovanna é legal, mana...
-Sei. O que importa é que você tomou a decisão certa, agora vamos tratar de agilizar isso daí!
CORTA A CENA.
CENA 6: Flavinho e Valéria chegam com as compras do dia e Leonardo os recebe.
-Queridos, vocês perderam por pouco de falar com minha mãe. Tava numa chamada de vídeo com ela ainda agora! - fala Leonardo.
-É mesmo? Que coisa boa, amor! Queria tanto conhecer dona Bernadete, minha sogrinha... - fala Flavinho.
-Aposto que ela ia gostar de você, Flavinho, mesmo não sabendo de tudo... - fala Valéria.
-Peraí... você não deu a entender nada, amor? O que a gente combinou? - questiona Flavinho.
-Eu queria entrar no assunto. Tava quase lá. Só que meu pai apareceu, interrompeu a conversa e me falou uma meia dúzia de barbaridades... - explica Leonardo.
-Acho conveniente demais a forma que ocê se acovarda com essas coisas. Nem morando em outro estado você deixa de se submeter ao seu pai! - protesta Flavinho.
-Ei, ei, ei! Parem agora com isso! Onde é que se viu um troço desses, gente? Vão discutir agora? - interrompe Valéria.
-O duro é saber que o Flavinho tem razão, Valéria. Eu me acovardo diante do meu pai mesmo depois de expulso de casa. Só que eu não sei como ia ser pra minha mãe se ela soubesse dos reais motivos que levaram a tudo isso... - contemporiza Leonardo.
-É, mas mesmo assim, o Flavinho não pode ser duro com você desse jeito! Tá me ouvindo, Flavinho? Pede desculpas pro seu marido agora! - ordena Valéria.
-Eu sei que peguei pesado. Juro que tento entender suas razões, amor... não quero que a gente brigue. Mas já tou com o seu pai atravessado na garganta desde que você me contou tudo o que ele fez. Ou melhor: o que ele não fez. - fala Flavinho.
-Ai, até que enfim. Gente, vocês são tudo que eu tenho depois que Gustavo foi pro Rio. O Leo não tem outra saída até o momento. Cê vai ter que ter paciência, Flavinho... - contemporiza Valéria.
-Eu entendo o Flavinho, Valéria. No lugar dele, provavelmente eu teria as mesmas reivindicações. - fala Leonardo.
-Falar no Gustavo... quando é que o seu irmão aparece de novo aqui em BH? Adorava os papos cabeça dele... - fala Flavinho.
-Ih... adorava mais do que gosta de estar comigo? Sei não, viu? - brinca Leonardo.
-Agora eu posso com um trem desses... ciúme agora, crianção? - prossegue Flavinho na brincadeira.
CORTA A CENA.
CENA 7: No dia seguinte, Cristina chega com Hugo a Angra dos Reis e elogia a casa da família dele.
-Gente, que graça essa casa de vocês aqui, Hugo! Super aconchegante!
-Ah, Cristina... eu não teria te chamado se não soubesse que é um lugar maravilhoso para se estar.
-Ei... impressão minha ou isso tudo tá te dando ideias?
-Ah, não... fui pego no meu plano secreto! - brinca Hugo.
-Tá querendo me vencer pelo cansaço, né? Já vi tudo...
-Falando sério agora, Cristina... você é a mulher mais linda que já vi em toda minha vida. Eu acho que já te amo.
Cristina é pega de surpresa pela declaração dele e fica sem palavras.
-Não vai dizer nada, Cristina? Eu acabo de dizer que acho que tou te amando e...
-Eu tenho medo de não corresponder ao que você acha que posso te oferecer.
-Só diz que eu tenho uma chance, por mínima que seja. Assim eu já fico mais tranquilo.
-Sabe, Hugo... eu gosto de você. Te acho bonito, um cara gente boa, tudo isso... mas não sei se é suficiente para amar. E tenho medo que você acabe esperando mais de mim do que eu possa oferecer. Você é atraente, eu te desejo. Mas...
-Mas o que, Cristina?
-Ainda luto pra apagar o Vitório da memória. Sei que ele não volta mais... mas foram anos com ele. Ele foi meu primeiro e único amor até hoje...
-Deixa eu tentar te fazer feliz. Só isso que eu peço. Não espero que você me ame da noite pro dia. Só quero poder fazer por você tudo o que estiver ao meu alcance.
-Eu deixo, Hugo. Eu quero ser feliz. E acho que posso ser feliz ao seu lado.
Os dois se beijam.
-Isso significa que nós estamos namorando, Cristina?
-Sim. Até agora a gente só vinha ficando. Mas acho que já passei da idade disso.
-Eu te amo, Cristina.
-Quero te amar, Hugo. Juro que quero. Espero conseguir.
-Você é sincera e isso já basta. O resto nós conquistamos com o tempo.
CORTA A CENA.
CENA 8: Daniella ajuda Sérgio a fechar a clínica para o feriado de carnaval.
-Gente, mal a Cristina saiu e eu já achei um horror o tanto de coisa que tem a fazer nessa clínica, pai. Cruzes, só tendo mesmo muita vocação pra tocar tudo isso aqui...
-Cada uma de vocês tem o seu próprio talento e vocação nessa vida. Você é mais para as artes, a Cristina é pra medicina...
-Nossa, pai. Quem te viu e quem te vê! Reconhecendo que eu sou uma artista depois de tanto tempo? Tou passada... mas feliz por isso.
-E tou falando alguma mentira? Claro que eu e sua mãe nos preocupamos. É natural.
-Natural ter preconceito? Não sei disso, não...
-A gente fala sobre isso outra hora, querida. Você pode me ajudar a cadear as janelas, por favor?
-Claro, pai!
Nesse momento, Gustavo termina de arrumar suas coisas e se depara com Daniella, olhando-a admirado.
-Ih, rapaz. Perdeu alguma coisa aqui, foi? A clínica tá fechando, cê já devia ter ido embora. Vai aproveitar seu carnaval de folga... - fala Daniella.
Gustavo sai, envergonhado. Sérgio critica a filha.
-Precisava ser grossa com o Gustavo? Ele sempre é um dos últimos a sair, achei que a Cristina tinha te contado.
-Ah, vou eu levar bronca por causa de um funcionário com cara de tonto que fica que nem um dois de paus parado me olhando? Nada disso! Cara esquisito, isso sim...
-Tá, Daniella. Não vai mesmo adiantar falar qualquer coisa. Me ajuda aqui...
CORTA A CENA.
CENA 9: Após jantar na mansão dos di Fiori, Leopoldo resolve confrontar Giovanna.
-Você pode enganar a qualquer um, menos a mim, Giovanna.
-Que isso, seu Leopoldo? Você me conhece há anos. Desde que me tornei sócia de seu filho.
-É justamente por isso que eu sei das coisas. Você não é o que parece.
-Ih, deu pra acreditar em intuição, agora? Pensei que isso fosse coisa de mulher. Coisa pro Leonar...
-Nem continue. Não te dei liberdade pra isso. Você não sabe de nada, mas eu sei. Essa sua insistência em fazer de tudo para que o Hugo fique com a Cristina... essa necessidade de sempre decidir o que é melhor pra ele.... isso tudo é muito estranho. Esquisito além da medida.
-O que você tá querendo insinuar com isso?
-Não estou insinuando, Giovanna. Estou afirmando que essa sua insistência em participar da vida do meu filho é estranha demais.
-Com base no que você diz isso?
-Na vida. Você não é essa pessoa boa e generosa que quer parecer ser. Você gosta de controlar pessoas. Manipular. Mas a mim, não manipula.
-Já tá dando minha hora de ir embora. Vê se toma um calmante, viu? Cê anda paranoico demais...
Giovanna vai embora e Leopoldo a observa. CORTA A CENA.
CENA 10: Dias depois, quarta de cinzas. Cristina e Hugo voltam de viagem e Hugo estaciona seu carro na garagem da casa de Cristina.
-É, Cristina... hora de encarar as feras.
-Quem escuta você falando até pensa que meus pais são difíceis. Acho que eles vão gostar da novidade.
-Mais que eu ao contar? Duvido muito, minha querida.
-Me ajuda com as minhas coisas, aqui? Levei mais bagagem que precisava, pra variar.
-Exageros sagitarianos. Ainda vou demorar a me acostumar com isso sem rir.
-Bobo.
-Vamos entrando.
Os dois chegam e são recebidos calorosamente por Nicole e Sérgio.
-Vocês estão tão bem! Parecem até mais moços! - observa Nicole.
-Sabe o que é, mãe? Eu e Hugo estamos namorando oficialmente! - fala Cristina.
Nicole vibra. FIM DO CAPÍTULO 2.
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